terça-feira, 4 de novembro de 2014

Diários de Terapia 12

Existe um turbilhão de sentimentos aqui dentro. Uma mistura que segue agressiva, como as águas mais agitadas se quebrando contra as rochas. Porém, tudo isso é represado por grandes muros. As palavras se agitam na cabeça, mas não passam pelos lábios. Como poderia me expressar sem causar desespero? Como deixar isso sair sem destruir tudo e todos a minha volta?

Me destruir já não é um problema. Toda noite, depois de muito custo, eu durmo. Durante algumas hora eu deixo de existir. O meu "eu" não se encontra no espaço e no tempo. Meu corpo continua deitado, mas toda a identidade, memória, tristeza, alegria, amor e ódio some. E antes dos sonhos surgirem para perturbar a paz, antes de acordar com a mente agitada, fico como morto. 

A morte nada mais é do que dormir para sempre. Já abandonei a ideia infantil de que existe algo além da vida faz tempo. Não há nada a não ser isso aqui. Quem somos não passa de interações involuntárias no cérebro. E tudo isso desaparece quando o último folego se vai. 

Dormir para sempre parece uma ótima ideia. Mas vai continuar sendo ideia, pois só existe lugar para ela na cabeça. Quando sai pela boca, volta como pedradas de pessoas que nunca entenderão. 

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